domingo, 13 de maio de 2012

Marx e eu


Gostaria de ter tempo para voltar a estudar Marx, coisa que só fiz na graduação e no início do mestrado. Cada vez mais, acho que o barbudo acertou em muita coisa no varejo, por mais que eu recuse sua doutrina no atacado, afinal, libertária que sou, eu não me tornaria comunista nem em 15 encarnações de leitura do Capital.

O fato é que eu gostaria de conhecer mais a fundo a crítica de Marx ao que os marxistas chamam de "Estado burguês". Por mais que eu discorde dos marxistas quanto à nova ordem que deveria surgir ou surgiria, uma vez superado o tal "Estado burguês", o fato é que eu tendo a concordar com os marxistas quanto à canalhice intelectual de se apoiar o que aí está.

O social-democrata europeu ou liberal americano é sempre visto como o moderado sensato, enquanto nós, marxistas e libertários, somos os loucos radicais da filosofia política. Ademais, aqueles intelectuais de centro-esquerda gozam do benefício de exibirem uma imagem pró-oprimidos e anti-opressores. Nada poderia ser mais falso! Veja-se o governo de Obama e o governo do PT como dois singelos exemplos: migalhas para o povo e fortunas para a elite. Enquanto isso, ambos os governos são apoiados pelos intelectuais de esquerda que gostam de se gabar de não serem "radicais".

Como me parece que diria o velho da foto, são políticos e intelectuais colocando o Estado a serviço da elite econômica para opressão dos demais, com o discurso ideal para esconder esse fato. Nisso, eu concordo inteiramente. É isso que nós, libertários, chamamos de "crony capitalism".

4 comentários:

  1. Você acredita poder aprender alguma coisa com alguém que quer criticar algo como o "Estado burguês"? Que Estado burguês? Não há nada de interessante para se aprender com Marx (alguém que pensa que nossas teorias refletem as condições materiais em que vivemos). Alguém que acredita que o Estado defende os interesses de uma classe. Ele simplesmente não entende o que é o Estado. Há algo a aprender com esse camarada e com os seus camaradinhas? Você fala em “canalhice intelectual”. Isso são termos morais, não? Mas não há moral em Marx. É bem provável que não tenha captado o teu ponto, pois ele me pareceu assombroso.

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    1. "Alguém que acredita que o Estado defende os interesses de uma classe."

      Mas, Aguinaldo, é aí que está. O Estado moderno real defende, sim, os interesses de grupos específicos e os mecanismos pelos quais isso acontece precisam ser denunciados. Quando o Estado interfere no câmbio, por exemplo, enxugando dólares do mercado para a cotação subir, ele defende os interesses de gente mais poderosa do que eu, que quer exportar sem fazer força e, ainda por cima, evitar a concorrência de importados no mercado interno. Para que eles tenham essa vida mole que empresários jamais teriam em um verdadeiro capitalismo, eu não posso baixar o dicionário que eu preciso, porque o preço está em dólar. Ainda por cima, o Estado fomenta toda uma farsa ideológica para tentar me fazer acreditar que, a longo prazo, ele cuidou, sim, do meu interesse e que ele é quem sabe qual o meu real e maior interesse, que não era comprar o dicionário agora.

      Por isso que eu desconfio que um libertário possa se aproveitar de análises marxistas do tal "Estado burguês", afinal, os marxistas parecem nem desconfiar, mas o Estado que os libertários almejam não é esse Estado que aí está, um Estado completamente imerso na economia. Esse Estado real, que interfere na economia, é um Estado que sempre será corrompido pelos que tiverem mais poder. Sei que essa crítica já se faz dentro do libertarianismo mesmo. Mas, talvez, o Marx possa jogar água nesse moinho. Como eu falei, claro que isso não pode implicar em aceitar seu sistema ou suas premissas mais básicas.

      Abraço

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  2. Classe social para Marx não significa simplesmente grupos de interesses. Marx defende apenas a troca de classe social no comando do Estado, acalentando a esperança - inconsequente - do seu desaparecimento.

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    1. Então, depois de Marx, eu leio a Revolução dos Bichos ;-)

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