sexta-feira, 18 de maio de 2012

Querido Diário


Eu confesso que eu costumo associar o hábito de manter um diário ao comportamento de garotinhas. Se bem que, eu mesma, quando garotinha, não escrevia um. E é aí que está. Bem que eu gostaria de ter escrito. Seria ótimo poder ler minhas impressões originais da infância e da adolescência, em vez de apenas poder me lembrar de como eu me sentia em relação àquelas épocas. Para ser sincera, eu gostaria de me lembrar se, naquele passado já distante, tudo me parecia mesmo tão ruim quanto parece agora, olhando retrospectivamente.

Uma coisa é recordar um catálogo de fatos que você não gostaria de vivenciar outra vez, até porque ninguém teria escolhido passar por eles. Outra coisa é reviver os sentimentos que aqueles fatos de fato ocasionaram em você. Por vezes, a vida do outro lhe parece mais sofrida do que realmente é, simplesmente porque é muito pior do que a sua própria vida. Mas, para o outro mesmo, é a única vida que ele conhece e, por isso mesmo, nem é tão ruim assim. Pois, a nossa própria vida no passado, com o tempo, acaba sendo a vida de um outro e o que você não suportaria de novo no presente acaba parecendo mais insuportável do que de fato foi no passado.

Enfim, eu queria um diário para "ouvir" aquele meu "eu" que se tornou "outro" para mim, eu queria conhecer melhor aquela garotinha que não sou mais. O jeito, agora, é não cometer o mesmo erro e começar a mandar desde já as cartas para o meu velho "eu" de amanhã, supondo que existirá um. Daí que eu tenha começado, meio timidamente, a escrever um diário.

Bom, eu não gosto de papel e caneta, como já contei aqui, neste espaço que não deixa de ser um diário dos meus pensamentos. Comecei então a pesquisar por um App próprio para o fim que eu buscava, já que, hoje em dia, existe um App para quase tudo nesta vida. Achei o tal do "Day One".

A princípio, não achei o App esteticamente tão interessante. Mas tem uma simplicidade elegante, que muito me agrada. Outro ponto que eu muito valorizo, como eu também já falei em outro post, é o canal aberto entre desenvolvedor e consumidor. Eu vi que os desenvolvedores do "Day One" trabalham continuamente no App e sempre deixam os consumidores a par do que está sendo feito. Na verdade, eu confesso que só comprei o App contando com as promessas feitas para as próximas atualizações, sobretudo, a inserção de fotos. De todo modo, o que eles prometiam para a versão atual, funciona perfeitamente. Pode comprar sem medo!

E é isso. Mas onde será que eu vou ler este meu diário se eu chegar a ser uma velhinha? Afinal, o iPad, para o meu "eu" do futuro, será muito menos do que é o papel para quem sou hoje. Será que eu vou ao menos querer ler o que escrevo? Bom, a beleza do diário é esta mesmo: você envia uma carta para um destinatário que ainda não existe, e talvez nem venha a existir, contando sobre um mundo que já terá acabado se a carta estiver sendo lida.

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