sexta-feira, 13 de julho de 2012

A torre e a quitanda

A torre é linda. Como acontece com todo monumento, a torre real é inferiorizada por cada uma de suas imagens de cartão postal. Mas, ainda assim, a torre é verdadeiramente linda. Só a minha presença diante da torre é que estraga todo seu encanto. É, afinal, a sempre vulgar presença do turista. Uma presença a mais em uma multidão que, em sua maioria, a bem da verdade, nem se encanta por uma torre, mas apenas se deslumbra com a perspectiva de, na volta, poder contar ter estado diante da imagem fabricada do cartão postal, que será comprado na lojinha de souveniers que enfeia as margens do rio Sena.

Eu me canso da torre, o senhor que apanha o lixo dos turistas me indica a rua que eu procuro e eu sigo por ela a pé. O centro de Paris é lindo por todos os ângulos, em todas as esquinas. As quitandas chamam a atenção de quem vive em um país exportador de alimentos e consumidor de restos. O francês humilde de uma quitanda pensa que sou americana, porque pergunto se ele fala inglês: "No Brasil, vocês falam espanhol ou português". Digo que é português e explico que português é que ele não falaria mesmo, por isso, minha pergunta inicial. Ele ri e concorda. Parisienses são antipáticos mesmo? Não sei, simpatia me importa muito pouco para que eu possa avaliar bem.

Como um hot dog em uma padaria qualquer. Calma! Trata-se de uma verdadeira baguete francesa, feita em casa segundo a receita mais tradicional, com lingüiça, repolho e cebola. O melhor pão que já comi na vida. Um francês senta-se no chão, na porta da padaria, e come o mesmo pão, mordendo uma lingüiça alternadamente e vorazmente. Nenhum turista por perto. Agora, sim.

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